quarta-feira, 8 de maio de 2013

“Da terra natal à Universidade”



  Olho ao horizonte... Não será mais aquele onde repousei minha cabeça nos 20 anos anteriores. Novidade surgiu. A espera foi muita: 3 anos imaginando estar onde cheguei, lutando, comprimindo limitações, aderindo a torturas do vencer-se a si mesmo. Logo, a espera chegou. Rápida, insólita. Nem desfrutei do prazer da confirmação durante muito tempo e já estava eu aqui, em outro solo. Início anestesiado, adaptação rígida. Um sonho, acordada! Nem tive o tempo de chorar as amarguras da distância... Tudo o que planejei, meu futuro organizado, já estava se concretizando para, no final, cumprir meus propósitos. Porém, ao longo dos dias de separação: família, lar, meu território, tudo vem à tona na mente. A adaptação se torna mais acirrada com o passar dos dias... A espera de voltar ao lar é imensa. Saudades do contato diário com a mãe ocupada, mas minha essência; com o pai cuidadoso; com o irmão preocupado e amoroso; com o namorado recente, mas intenso e compassivo; com o sobrinho novinho em folha e lindo, chamado Pedro; com os lugares e amigos que lá deixei... Nova fase! Adaptação, luta emocional. Somos assim, mas o alívio é em saber que não há nada de anormal. Lutarei, vencerei pela minha profissão, pelo meu sonho. O sonho de ver alguém sorrir, alguém por quem eu me dedicarei a cuidar. Por fazer diferente pelos que não possuem o mínimo de valia numa sociedade corporativista. E é essa a alegria que me faz firme em ultrapassar os desgastes.
Novo lugar, novas amizades e laços. Até aqui me contentei pelas lindas pessoas que já apareceram nessa nova jornada de minha vida. E fico aqui o quanto devo, volto pra lá toda vez que posso. Para criar um porvir onde os laços daqui me ajudem, os deveres me possibilitem e o meu “eu”, nos laços da terra natal, fortifique-se na ausência parcial, para haver completude de significado. Assim, o horizonte se reanima! A luta continua, mas a festa e a cantoria não se esvaem... 

(Raquel Murad)


“É o tempo da travessia...
E se não ousarmos fazê-la...
Teremos ficado... Para sempre...
À margem de nós mesmos...”.