terça-feira, 29 de março de 2011

Dia de si


Dia de agora, noite de hoje. Meu caminho, porém, é procurado por todos os tempos. Confundo-me na imensa luta de que são feitos os passos: progressos ou regressos. Quando uma fresta de sol corre pelo vitral, a pergunta nasce como o dia: haverá calor por entre as nuvens ou tempestades no inverno de meu ser? Olhos abertos, sigo o dever. Levar-me-á, este, a que lugar? Despertou-se o relógio, ficaram dormentes as clarezas. Persiste, assim e porém, a vontade de chegar à sensação da noite, com o dever cumprido.
Se o sol alpina e as vontades não, basta parar e suspirar reflexões. Correr ao céu, subir com o Astro, reeguer as mangas e atirar-se ao destino. Porque presenciar o presente é moldar o porvir. Juntamente com a força de passar pela linha de chegada, chegam as barreiras. Nelas, perenes, não cabe o esquivo. Alcançar a plenitude do ocaso, simploriamente, faz o destino chegar. A vontade valida-se, dar-se-á a conquista!
Tornando-se, depois, noite, vem a certeza de que o fim não chega. O dia nasce outra vez. Outras vontades, outros deveres... Sempre o mesmo ser, mas com novos conceitos, valores enfeitados com a experiência da busca de si. Alivia-se, então, a dor de não se entender. Pois, mesmo na rotina, a manhã só é igual pra quem não quiser se ver.

Raquel Murad