domingo, 13 de junho de 2010

Quando abrimos os olhos...

Nascemos, crescemos, tornamo-nos adolescentes, depois jovens, adultos, e assim amadurecemos mais. E não é repentinamente que mudamos de fase. A sociedade impõe regras etárias que determinam essa passagem, porém nem sempre funcionam. Há fatores muito mais relevantes que podem ocasionar uma possível maturidade ou retardá-la.
Desde o primeiro instante em que abrimos os olhos, nossa identidade será pautada naquilo que iremos vivenciar e nos submeter. Os pais são uma das causas mais marcantes desse envolvimento. Como crianças, somos dependentes de tudo e todos. Há aquelas que já querem ser “crescidinhas”, e levam para si uma inteligência até maior do que as “normais”. Isso pode ter como causa o convívio maior com adultos e pouco com crianças.
A adolescência é a fase mais famosa em sua complexidade. É o tempo em que mudamos mais, crescemos demasiadamente, e nos “ligamos” ao mundo de fato. Talvez aqui nossa dependência seja menor, e partimos para uma prévia do que seremos quando “soltos ao léu”. Na juventude, vemos o caminho mais direto para nossa autonomia, crescemos como cidadãos, universitários e até trabalhadores. Fase quase conjunta com a integridade de adulto, então podemos chamá-la de ”independência parcial”.
Porém, principalmente nas classes mais altas, o nível de maturidade e sobriedade é muito menor do que deveria ser de acordo com a faixa etária que nos muda de fase. O adolescente deveria abrir os olhos para o mundo, e se inserir nele. Mas o que acontece é o oposto: ele se fecha em sua própria estufa, em seu estilo inusitado, em sua tolice imatura de relacionamentos. E assim, quando jovem, não sabe se definir nem reagir às pancadas da vida que sobrecairão nele. Torna-se irresponsável, assim como talvez tenham sido seus pais ao criá-lo com tudo nas mãos, sem preocupações de vida, ou seja, é o famoso “mimado”.
O oposto, felizmente, também acontece. É raro. Mas acontece. Quando nas fases de inserção de maturidade, o adolescente realmente abre os olhos para a realidade em que vive. A esse caso, há o domínio cultural, intelectual, e assim, sua identidade é nitidamente pautada por seus conceitos e valores denominados - a ação dos pais é geralmente a essência. Nesse acontecimento de maturidade prodígio, a adolescência talvez nem seja completada, e sim só uma rápida passagem para a juventude semi-autônoma.

Dizem que assim não se aproveita o tempo de libertinagem e despreocupações, mas, na medida em que essa liberdade se torna extrema, o crescimento individual eficaz regride.

Fui privilegiada, e sou muito grata por isso, pois sempre me vi diferente das pessoas à minha volta, de mesma idade ou até mais velhas. Minha base de entendimento global foi pautada precocemente, o que se deve aos pais excelentes que tive, e ao meu imenso amor pela leitura, escrita, teologia, e quaisquer formas de apreço da vida. Talvez tenha perdido alguma parte de despreocupação e aproveitamento da vida ingênua. Mas não troco o que eu me tornei por nenhum outro modo. Hoje, aos recentes 18 anos, ingressando à maioridade, não me vejo aquém dela, nem mesmo antes. Claro que cada momento tem sua característica, e mesmo adultos não podemos deixar que a seriedade extrema nos corroa, mas sim devemos agir na medida certa de cada situação.

Entendemos, então, que a abertura das janelas para o mundo é uma ação que tem de ser valorizada, assim formando pessoas, cidadãos, e uma nação digna. Ao nascer abrimos os olhos físicos, mas que isso não seja o suficiente. Que ao longo da jornada nosso entendimento nos traga conceitos favoráveis a nossa leitura de vida, que proporcionará a visão suprema dos olhos, a janela da alma a ser vivenciada!