sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ser e Esquecer



Somos seres-humanos! Mas, afinal, o que é ser humano? O que somos é um conjunto de variações que forma nossa identidade, e a nossa memória cumpre um papel crucial para esse desenvolvimento.


O que somos é um resultado de nossos esquecimentos e lembranças. Algumas vezes, a lembrança do que fazemos nos é favorável, outras vezes, contudo, não.
A lembrança relaciona-se aos valores que impomos ao que passou, tanto inconscientemente quanto conscientemente. Por isso o ditado “se não lembro, não fiz” se relaciona coerentemente à supressão do valor obtido no passado. Por outro lado, lembranças cobertas de empenho, orgulho e contentamento nos trazem refrigério ao rebuscá-las.


Do ponto de vista da “poderosa ação humana”, querer esquecer-se de algo é realmente poder fazê-lo? O esquecimento também se relaciona à importância dada ao fato. Ao nos atormentarmos em querer abster um fato da memória, impactamos ainda mais sua ocorrência. Porém, ao darmos o fato como irrelevante, ele some como um passe de mágica.


Nós somos o que o nosso passado nos fez ser, e também o que esquecemos dele. Viver do passado não implica alteração, pois o que passou não se recupera. Nosso desafio é lembrar do futuro e tornar-nos resolutos. A satisfação de sermos o que somos é lembrar que somos seres humanos: resultado de milhões de memórias armazenadas em nosso disco individual da vida.

Raquel Murad

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Heróis Reconhecidos


Todos os dias, a qualquer hora, ao ligarmos a televisão, vemos a extravagância da beleza e do perfeito. Seria isso natural? Para essa sociedade, sim. Para a real e sensitiva essência do ser, não.Muitos têm como seus heróis e ídolos os famosos da Rede Globo, ou de qualquer outra rede que seja. Esse pensamento é fruto da triste doença desse mundo: a preocupação com o que é futilmente belo, e não com o que é necessário.


Há heróis sim, de todos os jeitos possíveis. E ao analisarmos a mídia nos deparamos com a pobre realidade dos ricos lindamente famosos, que são heróis que fazem a diferença para o mal. Que tipo de mal? O que corrompe e degrada a sociedade, mascara o essencial.


Por outro lado, se aprofundarmos as observações, veremos que ainda há esperança. Ainda há quem faça a diferença para o bem. São os chamados heróis anônimos. O nome já diz que não é fácil achá-los, mas estão por toda a parte. E eles não se incomodam com a aparência, pois sabem que, essencialmente, ela nada representa. Infelizmente a maioria não pensa assim, aliás nem pensa, é conduzida pelo pensamento e opiniões do “horário nobre”.


Os verdadeiros heróis do bem precisam ser reconhecidos. Será? Olhando para essa situação, vemos que o reconhecimento do homem não vale de nada. É a beleza versus a essência. E o homem só reconhece a beleza, ou o que a faz aparecer. Por isso, os heróis anônimos só merecem ser reconhecidos por aqueles que dão real valor a eles. Pois, querendo ou não, são eles que fazem parte da história da real essência da vida.
Raquel Murad

(Redação premiada em 1º Lugar no Concurso Crônicas e Contos do DS no ano de 2008)

sábado, 11 de outubro de 2008

São Paulo: “capital” para todos


São Paulo, uma imensa capital. Seja por extensão, por variedades de entretenimento e cultura ou por sua relevância econômica. Todavia, há um atributo que realça e motiva todos os outros anteriormente citados: a miscigenação dessa sublime capital. Motivos financeiros, sociais, climáticos, psicológicos se enquadram a essa diversidade, pois um local não pode ter caráter variado sem causas.


No século IX, a abolição da escravatura deu início à busca acirrada por mão-de-obra, contribuindo de forma árdua para a imigração em grande escala para o Brasil, especificamente São Paulo. Assim ocorreu por muito tempo e acontece até hoje, pois nesse capitalismo efervescente, muitos buscam sustento e equilíbrio nessa capital econômica de mais valia, e têm expectativas de uma vida menos flagelada.


Vendidos pelo cárcere da vida, moradores de estruturas inóspitas, como onde há seca, buscam refúgio em capitais onde terão estímulos para sobrevivência. Este também é um motivo da variedade cultural, ligado totalmente ao social e financeiro, porém com estruturas geográficas incluídas.


Razões psicológicas, tocadoras diretas do ser humano, implicam a mudanças de direção, na maioria das vezes, para um meio considerado melhor do que onde se está. Todos desejam o melhor para si, e se podem alcançá-lo, não é equivoco ao homem querer possuir o que almeja. São Paulo é a capital perfeita para este fim, pois é a que possui maiores investimentos em desenvolvimento profissional, cultural, de estudos, e tudo o que um humano pode querer. Entretanto, beneficiar-se pode acarretar problemas desgostosos para outros, então ocorrerá o equivoco. No tocante a esse aspecto, problemas urbanos seriam o “equivoco”, pois essa migração causa inchaço populacional, tornando a metrópole restrita.


Em função de todas essas causas e conseqüências, São Paulo é rico em culturas e em maneiras de ser. Ele pode ser considerado como um braço de aconchego para o Brasil e o mundo. O Brasil, em si, já é o globo inteiro dentro de um território especificamente delimitado. Assim como muitas células formam um ser, pedacinhos de culturas e raças de todo o mundo formam esta nação amada. São Paulo e Brasil são pátrias-mãe, em que a tolerância e compreensão reinam em meio a turbulentas diferenças, e onde cabe sempre mais um, pois há capital para todos.


Raquel Murad

terça-feira, 7 de outubro de 2008

* Sentido Existencial *



Vivemos entre pessoas vazias que, de forma intrigante e complexa, buscam sentido para suas vidas. Nessa arriscada jornada, encontram apenas suposições não convincentes, o que faz da busca pela verdade, uma busca por probabilidades.


Uma vida sem razão é como um barco sem rumo, por mais que tentemos dar sentido a ele, nunca levará ao caminho certo. Por isso, insaciavelmente queremos um real sentido o que muitas vezes nos leva a lugares errados.


A auto-satisfação, por exemplo, parece uma resposta, mas cria um mundo egocêntrico, arrogante em que as pessoas não se importam com as outras. Isso causa uma falta de sensibilidade nos assuntos humanos como é o caso do aquecimento global e a situação do transporte aéreo do país. Questões de relacionamento e comunicação estão na essência desses problemas.


Outros depositam a vida no materialismo. Pensam que o dinheiro e sucesso poderão poupá-los de uma vida vazia. Fazem tudo para conseguirem o que querem, para serem reconhecidos e assim completar a vida. Banalizam o que deveria ser normal: o beijo, o sexo, o amor. Nessa troca de valores, o normal é abusar das pessoas, dos sentimentos da vida. Há ainda quem aposte no sucesso profissional que gera uma competitividade desumana. Talvez tudo isso engrandeça, mas não satisfaz de verdade.


A questão é que tudo é passageiro. Nada fica. Isso faz a busca ficar mais intrigante. A seriedade da vida precisa ser encontrada. O real sentido da vida é simplesmente o amor. O amor que não se importa consigo mesmo, que se dedica ao bem-estar do próximo. Todos podem alcançá-lo. Está além das banalizações, do materialismo e do egoísmo. O amor ultrapassa a ciência, a sabedoria e a complexidade humana. Esse amor incondicional de essência não passa.


E o sentido da vida? Só através da força do amor fazemos a diferença!


Raquel Murad


(Redação premiada em 1º Lugar no Concurso Crônicas e Contos do DS no ano de 2007)